
Aqui também ocorre um fenômeno sonoro um tanto incomum. Após o período anual da seca, logo após a primavera, quando chega o esperado tempo das chuvas, a cidade é tomada por uma sinfonia de cigarras que parecem suspender a realidade do começo da manhã e do fim da tarde.
Depois do acasalamento de diversas espécies na primavera, as fêmeas depositam ovos debaixo da terra, e lá nascerá e viverá por 17 anos a próxima geração. Quando então saem da terra sofrem uma metamorfose: abandonam o corpo seco nas árvores e ganham asas. O canto tem a função de atrair as fêmeas (como não podia deixar de ser), e também, ferir o sensível ouvido dos predadores.
É a minha época do ano favorita. Já matei a primeira aula da manhã para sentar no parque ouvindo as cigarras, e até hoje, quando começam a cantar, minha vontade é de parar o que quer que esteja fazendo para simplesmente entrar no transe contemplativo. E durante o ano, quando nostálgico dessa época, recorro a música de Mark Kozelek.
Podemos facilmente tratar sua obra como uníssono de vários cantos esparsos, e em cada canção, uma frequência, um ritmo, uma espécie diferente de cigarra. Há sempre uma urgência muito pessoal, que passa pelo amplo espectro das emoções humanas, da mais lancinante angústia a sublime descoberta da beleza, do canto da necessidade de contato ao zunido da clausura deliberada.
É o tipo de música que faz você querer abandonar a casca seca na árvore.
Depois do acasalamento de diversas espécies na primavera, as fêmeas depositam ovos debaixo da terra, e lá nascerá e viverá por 17 anos a próxima geração. Quando então saem da terra sofrem uma metamorfose: abandonam o corpo seco nas árvores e ganham asas. O canto tem a função de atrair as fêmeas (como não podia deixar de ser), e também, ferir o sensível ouvido dos predadores.
É a minha época do ano favorita. Já matei a primeira aula da manhã para sentar no parque ouvindo as cigarras, e até hoje, quando começam a cantar, minha vontade é de parar o que quer que esteja fazendo para simplesmente entrar no transe contemplativo. E durante o ano, quando nostálgico dessa época, recorro a música de Mark Kozelek.
Podemos facilmente tratar sua obra como uníssono de vários cantos esparsos, e em cada canção, uma frequência, um ritmo, uma espécie diferente de cigarra. Há sempre uma urgência muito pessoal, que passa pelo amplo espectro das emoções humanas, da mais lancinante angústia a sublime descoberta da beleza, do canto da necessidade de contato ao zunido da clausura deliberada.
É o tipo de música que faz você querer abandonar a casca seca na árvore.
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