sábado, 12 de julho de 2008

oh god, I love the world !!!


A frase título deste post revela a minha porta de entrada para começar a amar o mundo, quer dizer, amar o NEW MODEL ARMY. Como assim? Simples como uma noite vazia.

Creio que muitas das composições desta banda são sobre contemplar o mundo em volta, aquele mundo bem próximo, que muitos de nós tem mania de enxergar nos mínimos detalhes. Como, por exemplo, ver a ruga daquele velho imundo, analisar a ferida que coça na perna de um mendigo maltrapilho, reparar no instante em que uma pessoa pensa as coisas mais sujas do mundo e sentir-se imerso nisso tudo como mergulhado em uma piscina onde a água é a imundisse, mas mesmo assim fazemos parte desse habitat e respiramos fundo para mergulhar a cada dia.

Para mim, o som do NEW MODEL ARMY é isso, reflete isso, e me faz ficar tranquilo, pois a piscina vira um oceano e as coisas se complicam quando achamos que facilmente podemos sair. A frase título deste post foi a faísca para eu começar a queimar este combustível com a banda, logo após essa música eu olhei pro céu e entendi o que é amar esse mundo, e eu precisava sair correndo e ter pelo menos esse disco inteiro para ouvir.

O mesmo amigo que pôs o som no meu ouvido em uma noite vazia no centro de uma pequena cidade, me levou até o dono do CD Thunder and Consolation. A pequena cidade era Pindamonhangaba e, provavelmente, só este cara tinha o CD em questão. Sorrindo, ele me emprestou, gravei numa fitinha K7 e fui degustando cada som, cada advento, que as músicas me passavam, que eu vivia, eram como uma só vida, um só filme acontecendo.

Resumindo, a idéia de que somos uma grande merda nesse mundo, e o melhor é sabermos disso, e assim viver é muito mais agradável do que ter a pompa de um cocôzão de smoking.

Mas e sonoramente falando? Dizer o que sobre esta banda que tem um vocalista banguela, e que seu poder vocal é imenso, que as melodias por ele entoadas são extremamente belas e angustiantes. Precisamente falando, elas refletem aquilo que a letra diz, não há falsidade nas emoções transmitidas.

Por muitas vezes, e ficamos agraciados com isso, o violão é usado como instrumento de destaque na harmonia e isso ajuda muito a estarmos mais perto da levada sonora. A batida de palheta nas cordas de aço, a levada folk de um trovador. O violino surge como complemento para mais melodias que não tem como não querer sair assobiando.

A bateria é um espetáluco minha gente!!! Sim, o homem metrônomo nunca errou um tempo sequer, e as batidas tribais nos levam para o coração de nossos antepassados que dormiam sob a luz das estrelas.

O baixo muito destacado sempre foi marca da banda, mesmo tendo outros integrantes ocupando a posição, todos sempre se encarregaram muito bem de dar continuadade ao estilo de som das cordas graves as mais agudas, das levadas soladas e estaladas, da palhetada dura e precisa, às vezes suave e confortante.

Estilo, punk, pós-punk, folk(???)... essa é uma banda que me faz desviar de rótulos e querer divagar sobre sensações, espero que as pessoas gostem por ser música de respeito e não por um colocar um selo de glamour estampado na cara de alguem.

Tocaram por 2 ocasioões no Brasil, em 1991 e 2007. Tive a chance de vê-los em 2007, 2 noites seguidas. Foi como um longo show começado em um dia e continuado no outro. Muitas e muitas músicas e a sensação de proximidade foi comprovada quando Justin Sullivan disse: "now we are a family" e começou a cantar Ballad of Bodmin Pill cujos versos finais dizem o que realmente somos:

We are lost
We are freaks
We are crippled
We are weak
We are the heirs, we are the true heirs
To all the world.


Discografia:

Vengeance - The Independent Story (1984) ****
No Rest for the Wicked (1985) **** √
The Ghost of Cain (1986) ***** √
Thunder and Consolation (1989) ***** √
Impurity (1990) **** √
The Love of Hopeless Causes (1993) ***** √
Strange Brotherhood (1998) **** √
Eight (2000) ***
Carnival (2005) **
High (2007) ***

√ - (Volume 11 pick)

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