
Levei muito tempo para fazer sentido daquele achado, tão deslocado no discurso sempre coerente daquele velho jovem rabugento. E não foi reconhecendo alguma coisa de seus compositores e maestros favoritos em my bloody valentine, mas apenas me contentando com o fato de que essa banda, especialmente neste disco, criou algo realmente inclassificável, deslocado em qualquer coleção musical, que poderia agradar à qualquer pessoa, excêntrico ou não, provido ou não de gosto ou educação musical.
Se iniciaram um estilo novo foi porque cabisbaixos ali, manipulando uma dúzia de pedais de efeitos, encaravam muito além do aparato no chão, vislumbrando uma dimensão sonora totalmente inexplorada pela psicodelia caricata das três décadas anteriores. A música aqui transcende os instrumentos individuais, como se eles fossem apenas vestígio, de algo que já tomou uma forma mais etérea, e se mesclou numa bruma impressionista. A androginia da voz, e as letras simples e enigmáticas como haikus, fazem da música algo inumano, um oráculo de ruído, a essência barulhenta de um mundo que não precisa de nós para existir.
Fiquei feliz por termos uma opção diferente para ouvir nas nossas tardes de espumante. O disco de duração muito menor parecia parar o tempo. Faixas como touched, de 57 segundos, poderiam durar uma eternidade. E eu nem imaginava que meu amigo em muito breve encontraria uma parceira que o colocaria na linha, e dentro de alguns dias eles se casariam, mudariam de cidade, teriam um filho e nunca mais dariam notícias. O disco permanece.
Um comentário:
esse album pra mim é organico...
sensitivo...
cada vez que ouço...toda audição me leva a um torpor d'alma e de sensações...
Obra de arte sonora !
VOLTARAM à lux , que bom !!!
"all i need" é um desvairo , é a vida em um flash !
"loveless" é o instante eterno.
Grato pelas tuas palavras a esse album !!!
Adenilson
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